A luz adentra meu quarto pelas frestas da janela, sinto que o sol surge ao leste e meu corpo pesa, me sinto sonolento e até um pouco cansado, mesmo que eu já tenha dito que até o cansaço já me abandonou.
Minhas memórias viajam até você, vejo seu rosto mais uma vez como na primeira vez em que acordei ao seu lado, incomodado pela luminosidade, mas ligeiramente feliz por presenciar a maneira como você fica ainda mais linda dormindo à meia luz.
Me sinto mais pesado à medida que o sol se torna mais alto no horizonte, como se minhas energias estivessem sendo sugadas, dessa vez não por você.
Me sinto como vampiros antigos; o peso do sol, a solidão que aparenta ser uma eternidade e esse meu hábito de só adentrar se eu for convidado, inclusive deixando claro um punhado de vezes que comigo só seria assim.
O sono me traz alucinações, pois não sei se realmente sou um vampiro antigo, pois me vêm à memória diversas cenas onde eu procurava seu pescoço com as mãos e unhas; dentes e língua tateando e sentindo a pulsação acelerada nas suas carótidas; sentia você tão viva, tão quente, tão diferente de como eu me sentia quando não estava ali. Eu me alimentava daquilo, me tornava mais intenso, selvagem, sentia a besta dentro de mim urrar para que eu fizesse de tudo para sentir o seu pulso mais forte e acelerado. Como vampiros antigos, eu sentia o seu calor passando para o meu corpo, bem como sentia o seu se debater, me arranhar e em seguida desfalecer num gemido e só restar uma respiração ofegante.
Estou exausto, não sei se é pelo peso do sol que poderia me transformar em cinzas, pelas noites mal dormidas ou se é pelo peso de uma existência onde todos os dias eu vou ter de me conformar em não ter você por perto, até o momento em que eu encontre uma nova vítima e a queira como eu te quis.
Vai parecer uma eternidade e a luz do sol vai queimar.
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