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Como Vampiros Antigos

Defeitos

Aquilo foi uma mistura de sensações. Ela havia se emocionado, realmente sentiu saudades dele, das demonstrações de amor, o carinho e o romantismo que permeavam os melhores momentos que tiveram. Por um segundo ela pensou em voltar, abraçá-lo e dizer que os dois deviam ficar juntos e esquecer o passado, dizer que eles amadureceram e ela acreditava que estavam prontos para continuar de onde pararam.
Mas ela ouviu até o final. Ela lembrou de como ele era afinal, ele não vivia só de bons momentos e nos últimos tempos estes eram raros. Lembrou de como ele era arrogante e não gostava de escutar o que ela dizia, de como ele se esquecia que ela precisava dele tanto quanto ele precisava dela. Ele não pensava nos próprios erros, na sensação de solidão que às vezes ela tinha, mesmo quando estavam juntos. Seus defeitos ultrapassavam as qualidades.
Ela não o queria por inteiro, e sabia que ele também não a queria. Ele se lembrava apenas dos bons momentos, enquanto ela se agarrava aos piores, todos os dias, para lembrar de como as coisas haviam terminado e como ela nunca mais queria se sentir assim.
Ela pensou em ligar pra ele, discutir e falar que ele não era perfeito, que se eles terminaram era culpa dele por não perceber que todos os defeitos que ele um dia apontou nela, acabaram sendo os defeitos dele. Ela queria brigar, sem sentido, já que ela também não queria voltar. Eles iam discutir, se desgastar por nada, dizer coisas que nunca deveriam dizer para alguém que um dia já foi seu amor.
Mas ela sorriu, afinal. Eram boas lembranças que estavam naquela mensagem, ela foi feliz naqueles dias, assim como ele. "Realmente uma pena", ela pensou, mas ela sabia que as coisas acabavam, que ela não poderia voltar e só reviver os bons momentos.
No fundo ela sentiu pena dele, que nunca aprendeu a se proteger da dor com uma dor ainda maior. Ela apagou a mensagem, não tornaria a ouvir, nem iria responder.
Deitou-se na cama e ficou olhando para o teto, a noite estava fria, ela também.

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