"Eu acho que eu nunca foi muito esperto, afinal.
Eu deveria ter percebido antes que a felicidade que eu procurava estava logo ali, sorrindo e comendo chocolate logo do meu lado, ainda não consigo entender como tudo aconteceu ou se eu poderia ter evitado, sei lá."
Ele suspirou, fechou os olhos por um instante e continuou:
"Não sei, mas acho que bem no fundo do meu coração eu sabia, meio que sem certeza, mas sabia. A cada olhar e sorriso trocado, os abraços que duravam meia hora, toda a saudade que batia sempre que um de nós viajava sem o outro e essa falta sua que estou sentindo agora, acho que tudo isso é um sinal de que eu gosto de você mais do que já tenha falado.
Não está fácil imaginar que vai passar mais um fim de semana e você não vai me chamar para o cinema, ou para a gente comer alguma coisa e tomar sorvete, mas eu sei que você não ia gostar que eu ficasse em casa sozinho agora, você nunca gostou que eu ficasse, na verdade.
Eu nunca vou conseguir me perdoar por essa demora pra perceber, agora eu fico aqui pensando em como teria sido tudo diferente hoje, o que a gente estaria fazendo agora, me sinto meio que culpado pelo que aconteceu. Se você estivesse aqui você ia me convencer que não era minha culpa, não é mesmo? E eu ia aceitar que não era, depois que visse aquele seu sorriso calmo."
Ele olhou para o céu, com nuvens carregadas, a água caía em seu rosto e se misturava com as lágrimas. O choro era silencioso, se alguém olhasse de longe pensaria que era apenas a chuva. Se sentou ao lado de onde Vanessa havia sido enterrada há poucas horas.
"Estava chovendo naquele dia, não é? Eu não consegui chegar a tempo de te ver pela última vez, na verdade eu só percebi que tinha alguma coisa acontecendo quando as sirenes soaram e eu olhei pela janela, eu senti algo ruim ao olhar para baixo, para a multidão que cercava você, eu saí correndo, torcendo pra estar errado, caí da escada e quebrei o braço no caminho, mas quando eu cheguei lá você já não estava viva. Valeria a pena quebrar o braço pra ter me enganado.
Não posso dizer que não me despedi, aquele abraço apertado e beijo na sua testa foram uma despedida, não é? Mas parece que não foram o suficiente, na verdade, acho nada teria sido o suficiente.
Bem, eu fiquei te devendo aquele café, não é mesmo? Quem sabe num outro dia, hoje não é o dia para aquele café, mas eu trouxe flores. Rosas vermelhas, como você pediu, não é? Minha mãe disse que isso era de mau gosto, que ninguém leva rosas vermelhas para quem já se foi, mas o importante é que você iria gostar... eu devia ter comprado rosas vermelhas pra você antes, mas você gostava dos lírios que eu te dava nos seus aniversários, não é? Só que agora eu vejo que poderia ter sido mais que lírios.
Não vou falar muito mais, desculpa, eu devia ter dito isso tudo antes, não é mesmo? Curioso, lembra que eu odiava isso nas pessoas? Que só percebem que algo é importante quando é tarde demais."
Ele se deitou na grama, e ficou olhando para o céu, sem dizer mais nada e sem pensar em nada. Apenas olhando a chuva cair.
Eu deveria ter percebido antes que a felicidade que eu procurava estava logo ali, sorrindo e comendo chocolate logo do meu lado, ainda não consigo entender como tudo aconteceu ou se eu poderia ter evitado, sei lá."
Ele suspirou, fechou os olhos por um instante e continuou:
"Não sei, mas acho que bem no fundo do meu coração eu sabia, meio que sem certeza, mas sabia. A cada olhar e sorriso trocado, os abraços que duravam meia hora, toda a saudade que batia sempre que um de nós viajava sem o outro e essa falta sua que estou sentindo agora, acho que tudo isso é um sinal de que eu gosto de você mais do que já tenha falado.
Não está fácil imaginar que vai passar mais um fim de semana e você não vai me chamar para o cinema, ou para a gente comer alguma coisa e tomar sorvete, mas eu sei que você não ia gostar que eu ficasse em casa sozinho agora, você nunca gostou que eu ficasse, na verdade.
Eu nunca vou conseguir me perdoar por essa demora pra perceber, agora eu fico aqui pensando em como teria sido tudo diferente hoje, o que a gente estaria fazendo agora, me sinto meio que culpado pelo que aconteceu. Se você estivesse aqui você ia me convencer que não era minha culpa, não é mesmo? E eu ia aceitar que não era, depois que visse aquele seu sorriso calmo."
Ele olhou para o céu, com nuvens carregadas, a água caía em seu rosto e se misturava com as lágrimas. O choro era silencioso, se alguém olhasse de longe pensaria que era apenas a chuva. Se sentou ao lado de onde Vanessa havia sido enterrada há poucas horas.
"Estava chovendo naquele dia, não é? Eu não consegui chegar a tempo de te ver pela última vez, na verdade eu só percebi que tinha alguma coisa acontecendo quando as sirenes soaram e eu olhei pela janela, eu senti algo ruim ao olhar para baixo, para a multidão que cercava você, eu saí correndo, torcendo pra estar errado, caí da escada e quebrei o braço no caminho, mas quando eu cheguei lá você já não estava viva. Valeria a pena quebrar o braço pra ter me enganado.
Não posso dizer que não me despedi, aquele abraço apertado e beijo na sua testa foram uma despedida, não é? Mas parece que não foram o suficiente, na verdade, acho nada teria sido o suficiente.
Bem, eu fiquei te devendo aquele café, não é mesmo? Quem sabe num outro dia, hoje não é o dia para aquele café, mas eu trouxe flores. Rosas vermelhas, como você pediu, não é? Minha mãe disse que isso era de mau gosto, que ninguém leva rosas vermelhas para quem já se foi, mas o importante é que você iria gostar... eu devia ter comprado rosas vermelhas pra você antes, mas você gostava dos lírios que eu te dava nos seus aniversários, não é? Só que agora eu vejo que poderia ter sido mais que lírios.
Não vou falar muito mais, desculpa, eu devia ter dito isso tudo antes, não é mesmo? Curioso, lembra que eu odiava isso nas pessoas? Que só percebem que algo é importante quando é tarde demais."
Ele se deitou na grama, e ficou olhando para o céu, sem dizer mais nada e sem pensar em nada. Apenas olhando a chuva cair.
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