Essa Disritmia

Hoje eu decidi limpar  as coisas aqui, acho que devia saber que quando digo "aqui", estou falando do meu coração. Sabe, aquele coração que um dia esteve em suas mãos... estranho pensar que hoje ele já não esteja aí, onde costumava me sentir seguro. Eu também limpei as coisas por aqui, com "por aqui" eu quis dizer no nosso quarto, digo, no meu quarto. Joguei fora aquele perfume que você disse que não ia buscar, aquela camisa que você usava para dormir todas as noites e de repente deixou para trás. De certa forma eu devo ser essa camisa, que num dia você não conseguia dormir sem, no outro deixou para trás com um punhado de memórias que você não iria voltar para buscar.

Hoje eu sonhei com você. Foi um sonho um tanto quanto intenso, mas foi romântico, se eu te contasse, você diria que foi fofo. Éramos eu, você, uma garrafa de Bourgogne Pinot Noir. A gente se abraçava, se beijava e se punha a dançar. Não estou certo de que eu a conduzia, eu era levado pelo sabor do vinho e do balançar dos teus quadris. Tampouco tenho certeza de que eu respirava, pois quando meus lábios não estavam nos seus, eu olhava nos teus olhos e talvez até meu coração se esquecesse de bater, para ficar observando o teu corpo dançando sozinho enquanto eu me servia de mais uma taça de vinho.

"Eu ainda sinto o teu perfume no quarto, como se estivesse grudado nas paredes, chamando teu nome e te revivendo nas minhas lembranças. Ainda encontro fios de cabelo no travesseiro, ou mesmo na minha roupa, igual naquela música. Já faz tanto tempo, mas eu não me esqueço dos teus beijos, do sabor dos teus lábios e do calor do teu abraço, eu não me esqueço do teu sorriso e do teu olhar doce que tomava conta de mim e fazia esquecer dos problemas e lembrar que a vida ainda poderia ser bonita mesmo após o pôr do sol.

Aquilo foi uma mistura de sensações. Ela havia se emocionado, realmente sentiu saudades dele, das demonstrações de amor, o carinho e o romantismo que permeavam os melhores momentos que tiveram. Por um segundo ela pensou em voltar, abraçá-lo e dizer que os dois deviam ficar juntos e esquecer o passado, dizer que eles amadureceram e ela acreditava que estavam prontos para continuar de onde pararam.

"Sabe, às vezes bate uma saudade quando acordo no meio da noite, uma vontade de ver o teu corpo deitado aqui do meu lado, acariciar teu cabelo e ver você acordando só pra me mandar um beijo e imediatamente voltar a dormir. Depois ficar olhando teus traços à meia-luz, querendo imortalizar aquele momento numa pintura ou numa fotografia, mas ao invés disso eternizar na minha mente o teu sorriso enquanto sonha.

Pedro estava tenso, trêmulo ao pegar as chaves do carro na mesinha da sala. Trancou a porta, ignorou o cachorro que tirava uma soneca no quintal e correu para dentro do carro, deu a partida e abriu o portão elétrico, manobrando o carro para fora da garagem devagar, apesar do desespero inquietante que possuía dentro de si. Um clique no controle e o portão voltou a fechar-se, antes que se fechasse completamente, Pedro já estava a uma quadra de distância, corria, apesar de torcer por estar errado, queria ter certeza. Estava nervoso, apertava o volante com força, tornando os nós dos dedos esbranquiçados. Sua respiração estava ofegante, apesar do ar condicionado ligado.

"Eu acho que eu nunca foi muito esperto, afinal. Eu deveria ter percebido antes que a felicidade que eu procurava estava logo ali, sorrindo e comendo chocolate logo do meu lado, ainda não consigo entender como tudo aconteceu ou se eu poderia ter evitado, sei lá." Ele suspirou, fechou os olhos por um instante e continuou:

O frio nos ossos incomodava Vanessa, ela se abraçava na tentativa de preservar o calor do corpo. A roupa toda molhada, o vento batendo contra o rosto, a chuva que caía. Tudo aquilo deveria valer a pena, ela esperava que sim. Atravessou a praça da Savassi correndo, tocou o interfone e ficou tremendo sob a marquise do edifício por ao menos um minuto. —Oi, quem é? — Uma voz grave e um pouco rouca respondeu. —Sou eu, Vanessa. — Ela fez uma pausa. — Está chovendo muito aqui fora, abre logo. —Okay, sobe logo, vou pegar uma toalha. Ele desligou o interfone, com um clique o portão do prédio se abriu. Vanessa entrou rapidamente e, ignorando o elevador, subiu as escadas pulando os degraus de dois em dois. Apesar do frio, sentia que seu corpo ficava quente à medida que se aproximava do apartamento número 306.

Eu só quero te abraçar Quero ficar do teu lado Sinto que tem algo errado Eu não sou de me apaixonar Mas teu jeito me encanta Eu sinto alguma coisa boa Dou risada de coisas à toa E de você quando você canta Você desajeitada é uma graça Você tropeçando e eu rindo Mas quando cai, você me abraça Uma sensação que está sempre ali Algo inexplicável nesses dias Em que só você me faz sorrir

"Eu queria que você nunca me amasse. Desde a primeira vez que você cruzou aquela porta, eu percebi que seria um erro, sabe? Eu senti um frio na barriga, fiquei um pouco zonzo e mudo. Eu não conseguia parar de olhar para os teus cachos cor de cobre que pendiam na frente do teu rosto. A maneira como você delicadamente sorriu enquanto colocava aquela mecha de cabelo por detrás da orelha e perguntava se eu estava bem. Era tão doce o seu olhar, escondido atrás daqueles óculos e fitando minha cara de tonto, como quem estava preocupada comigo, um completo desconhecido que ficou paralisado só de olhar pra você. Aquele dia foi incrível, não? Okay, eu entendo que pode não ter sido tanta coisa pra você, mas pra mim foi, não sei se foi perceptível pela descrição que eu acabei de fazer, mas tudo bem. Onde eu estava? Ah sim, você não poderia me amar, certo... Você sabe, você foi minha melhor amiga ao longo de todos esses anos e eu sempre estive sozinho, exceto por você. Antes de te conhece...

O meu soneto pode estar acabando Com breves versos eu direi adeus Serei lembrado pelos erros meus Ou pelos versos que tu leu chorando É injusto eu ter um fim Tanto tinha para ver Muito de ti conhecer E você conhecer de mim E não há mais para onde correr Não há lugar no Universo Onde eu possa me esconder De um destino tão perverso Então eu deixo pra você Esse meu último verso

Talvez eu viva uma ficção Viva num pequeno poema Em que o autor foi ao cinema Só pra ter inspiração Também posso ser um cara qualquer Que num filme mudo de amor Eu acabo aprendendo o valor De olhar nos olhos de uma mulher E se num clássico filme romântico Aquele sobre o transatlântico Que afunda por puro destino Eu morra pela minha amada Ou talvez eu seja um nada Que afunda tocando violino

Não há fórmula secreta Para aquilo que se deseja Mesmo que isso não seja De forma mais discreta Não há resposta exata Ou alguma ciência envolvida Nos rumos que tomam a vida Ou no amor que nos mata Não tente entender o amor Não queira o racionalizar Pois se perder tempo por tentar Ele pode perder seu valor Então a face do amor se esconde E aqui nos perguntamos "por onde?"

Uma mente e um coração Que já gritaram sem parar Aos excessos emoção Começaram a silenciar Porém já se acabou O silêncio que aqui estava Minha voz já voltou Com o tempo que passava O Silêncio agora cai Mas a emoção permanece O que era Pálido se esvai Com lágrimas deixo para trás O que me deu tantos sorrisos E agora será ainda mais

Que posso fazer Se isso é mais forte que eu Essa vontade de te ver Deixar meu coração junto ao teu Se os caminhos se estendem Por mil quilômetros daqui E as pessoas nunca entendem Que eu viajo pra sorrir Tua pele contra a minha A felicidade então Você dizendo que é só minha Me afogando em paixão Me trazendo afinal o ritmo Ao descompasso do meu coração

Menina que me rouba o coração Quero te olhar nos olhos E segurar a tua mão Me deitar ao teu lado Somente o céu sobre nós Dizer que fico apaixonado Cada vez que escuto tua voz Lhe roubar um beijo Contornar as tuas curvas Realizando meus desejos Vem ser minha alegria Minha menina, minha flor Me toma para a tua vida Teu bobo, teu anjo, teu amor

Imagine se você pudesse Ao menos por um dia Mudar algo que disse O que você me diria? E se numa viagem ao tempo Pudesse mudar teu passado Você escolheria um momento Que me mantivesse ao teu lado? Se teus erros se resumissem em mim Me diga o que tu iria escolher Qual seria o nosso fim? Iria me apagar ou me reescrever? A vida não é uma simples poesia Mas se eu que a escrevesse, ela seria

Há muito tempo que estou aqui Desperdiçando meus passos lentos Sem saber ao certo pra onde ir E me perdendo nos momentos Estou cansado desse caminho De olhar para o meu lado E perceber que estou sozinho Estou aqui há pouco tempo Andando por um novo caminho E sentindo em meu rosto o vento E esperando por algum carinho O tempo urge contra mim E se um dia encontrar o amor Então, que seja assim

Dentre palavras que se perdem ao vento E daquelas que prendo em meus dedos Algumas permanecem em segredo Esperando chegar seu momento Algumas delas caem nas mesas Tocando a folha de papel branco Algumas se escondem em meu pranto E ficam para sempre presas Os segredos de um coração Que bate um pouco atrasado E fica um pouco de lado Em favor de manter a razão Certas coisas é melhor não dizer E às vezes é mais fácil esquecer

As sombras dançam lá fora Lembram-me os dias apagados Que se esvaem das memórias Dos nossos tempos abandonados Eu suspiro de saudade Me lembrando do nosso tom Mas eu sei que na verdade Não era assim tão bom Se vou me deixar levar Com quem me envolver Ou se vou procurar outro alguém O que guardar e o que deixar O que perdoar e o que esquecer É minha decisão, de mais ninguém

Faça aquilo outra vez Que só você sabe fazer Que consegue me envolver Como num jogo de xadrez Você se joga em meus braços E me prende em tua boca Você tira a minha roupa E seguro-te num abraço Desenhe-me com os lábios Me contorne com teus dedos Mostre-me teus medos E teu jeito de mulher E diga que me quer Em teus sonhos e pesadelos

Vou explorar teus desejos Mergulhar em teu sorriso Encontrar o paraíso Ao me afogar em teus beijos Com teu beijo embriagado Me traga de volta à vida Eu não tenho outra saída Ao meu coração descompassado Dizendo "não" à solidão Respire em mim o teu amor E dê-me alguma alegria E ignore aquela dor Que tu sempre sentia Ao ouvir meu coração

Por favor, não conte a ninguém Mas hoje à noite vamos fugir Para onde não nos impeçam de sorrir E nem nos censurem, Meu Bem Para onde você quer ir? Podemos ir muito além Acabei de encontrar alguém E o amor que me faz sentir Vamos correndo então Não  vou te deixar Nem vou desistir Venha me encontrar E hoje à noite fugir Nos afogar em paixão

Eu tenho um coração partido Por tantas vezes apaixonado Por sempre ter tentado Por não ficar escondido Não tenho medo do amor É aquilo que eu mais quero E tudo que um dia eu espero É não escrever sobre a dor E acabo ficando sozinho Sem ninguém pra falar comigo Sobre os pedaços do meu coração Que fosse apenas um amigo Pra me dizer que é apenas ilusão Isso que escolhi ser meu caminho

O silêncio em minha mente Me tornando desatento Uma alma que não sente Sem palavras para o momento As palavras que profiro São reflexo de um coração De sentimentos que retiro Ou de simples ilusão Mas não tenho sonhado O gritante coração Agora está calado Eu não tenho o que dizer Já que eu nada sinto Não sei o que escrever

Não pode ser assim Você tem que escolher Você vai voltar pra mim Ou vai me esquecer Me apague de uma vez Como uma memória amarga E destrua esse "Talvez" E me mostre onde acaba A tormenta de uma vida E um navio com sonhos à bordo A tempestade a ser esquecida Todo dia quando acordo Não adianta mais chorar Pois a dor vai acabar

Olhe para o casal ao lado Vou te contar que o que vejo É um rapaz apaixonado Eles são um casal feliz Ele chora e ela sorri Com os olhos como quem diz "Está tudo bem, estou aqui" E se alguém faz mal a ela O rapaz não se contém Ele se torna uma fera Não desiste por ninguém É o que chamam de infinito O amor daqueles dois Cada dia mais bonito

Doce sonho em teu olhar De um castanho tão escuro Pra encontrar o meu lugar Eu me jogo do teu muro Abro os braços e sorrio Pra um abraço eu te chamo E percebo teu arrepio Quando digo que te amo Vou lhe contar um segredo E eu espero que não tenha medo Meu lugar é nos teus braços Minha fome é dos teus beijos Me segura em teus abraços E mata todos os meus desejos

Você sabe que o vazio consome Aquele espaço em que havia alguém Que hoje mal consegue ler o nome E a dor da perda lhe faz refém Você começa a se enganar Dizendo que quem partiu Está em outro lugar Um que ninguém jamais viu Não temo a morte pra mim Se tiver de ser assim Às vezes me pego pensando Que no fundo a grande verdade É que quem foi está descansando E quem fica sente saudade

Eu não vou dizer O que está aqui dentro Eu só quero te ver Aproveitar o momento Sua boca não me diz Mais que seus olhos contam Você parece feliz Por mais que as palavras escondam Pode até não parecer Mas em meio a isso tudo Eu escolhi você Então vamos andando Pois hoje em minha cama Estaremos nos amando

Fechei os olhos sem dormir Viajei pra bem longe de você Eu não sei pra onde ir Mas sei que é pra te esquecer Talvez por um momento Tirar você de mim Te apagar do pensamento E dizer que é o fim Você partiu meu coração E eu preferia que não Mas eu quero te apagar Por tudo que você fez Mas eu queria voltar E te conhecer mais uma vez

Chega mais perto Mas se aproxime com cuidado Eu quero você do meu lado Te espero de coração aberto Não é fácil eu mudar Não é simples esquecer Eu faria por você Se você quiser ficar Quanto tempo a gente tem Pra encontrar alguém? O que importa, afinal? Se o que a gente sente É alguma coisa diferente Um amor anormal

Agora está tudo perdido Num turbilhão de sentimentos Que já foram destruídos Em todos os momentos Eu sou um caso complicado É difícil de entender Que está tudo bagunçado E não tem espaço pra você Os tempos mudaram Eu mudei também E as coisas acabaram Já não olho pra trás E tudo o que se perdeu Eu não quero mais

A chuva fria cai incessante lá fora Aqui dentro a dor me chama Deitado sozinho em minha cama Com a lembrança de que foi embora Você costumava estar aqui Com seu abraço quente Não mais que de repente Me fazia sorrir Tivemos dias de sol Houveram tempestades Agora estou sem abrigo Para o frio em minha alma Nada mais me acalma Sem você aqui comigo

Não é algo que eu precise falar É algo que já está dentro nós E não adianta a gente se enganar Se você me quer quando estamos a sós A gente tenta se afastar Mas sempre tem alguma coisa te puxando Eu digo que vou te evitar Mas eu pisco e já estou te beijando Por que a gente é assim? Por que você sempre corre Mas acaba chegando em mim? Fica aqui do meu lado Porque você ficar fugindo Isso me parece muito errado

Os tempos mudaram E a gente também Das coisas que ficaram Sempre falta alguém Um estranho conhecido Um velho amigo que não via Quem já havia partido Hoje volta com alegria Mas queremos além Nós vamos seguir em frente Mas sem esquecer ninguém Cá estou mais uma vez Por um momento pra dizer Que saudade de vocês